'- Três meses depois da posse do presidente Fernando Collor, em junho de 1990, surgiram as primeiras denúncias de corrupção no governo. Naquele momento, as acusações atingiram apenas o segundo escalão. Em outubro, porém, passaram a envolver pessoas próximas ao presidente e o nome de Paulo César Farias – ex-tesoureiro da campanha de Collor – apareceu, pela primeira vez, como intermediário de negócios entre o empresariado e o governo.
- A partir daí, os escândalos e as denúncias se sucederam e, a cada mês, novos nomes eram apontados. Mas foi somente no dia 24 de maio de 1992 que as denúncias atingiram diretamente o presidente da República. Numa entrevista à revista Veja, Pedro Collor acusou o irmão de manter uma sociedade com “PC Farias” (como ficou conhecido o ex-tesoureiro), que seria seu testa-de-ferro nos negócios.
- A sequência de acontecimentos teve amplo destaque na cobertura jornalística da TV Globo. Durante toda a semana seguinte, os principais telejornais da emissora dedicaram boa parte dos seus noticiários à crise política que se instalara no governo. As denúncias repercutiram rapidamente no Congresso Nacional. Na segunda-feira, dia 25 de maio, o assunto ocupou todo o primeiro bloco do Jornal Nacional, com mais de 9 minutos. No bloco seguinte, em matéria de três minutos, mostrou-se as repercussões do escândalo no Congresso e na economia.
- Enquanto o telespectador era informado de que a Polícia Federal instauraria inquérito para apurar as denúncias contra Collor, o presidente pedia a abertura de uma ação penal, com base na Lei de Imprensa, para responsabilizar o autor das denúncias por crime contra a honra. O procurador-geral da República, Aristides Junqueira, por sua vez, requereu a abertura de inquérito para a apuração de crimes contra a administração pública federal, atribuídos ao presidente Fernando Collor, à ex-ministra Zélia Cardoso de Melo, a PC Farias e ao piloto de avião Jorge Bandeira de Melo, acusado de intermediar a liberação de verbas no Ministério da Ação Social.
- Em resposta às acusações, Collor chegou a divulgar uma carta à nação, na qual se dizia profundamente chocado com as declarações “insensatas e falsas” do irmão Pedro Collor. O documento teve alguns de seus trechos divulgados no Jornal Nacional.
- Em 27 de maio, Pedro Collor, em companhia da mulher, Tereza, do seu advogado e de uma equipe médica, disse em entrevista coletiva que não poderia provar todas as acusações contra Fernando Collor e PC Farias que fizera à revista Veja, mas, mesmo assim, estava com a consciência tranqüila. Também tornou público o resultado dos exames de sanidade mental a que tinha se submetido. Segundo o laudo ele estava apto a realizar todos os atos de responsabilidade civil e não apresentava nenhum diagnóstico psiquiátrico.
- Naquele mesmo dia, por solicitação de parlamentares do PT, o Congresso instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias contra Paulo César Farias. A Rede Globo acompanhou passo a passo os trabalhos da CPI, desde a sua instalação até a leitura do relatório final, 85 dias depois. No dia 9 de junho, o repórter Álvaro Pereira assistiu às seis horas de depoimento de PC Farias no Congresso e apresentou no Jornal Nacional um resumo das suas declarações.
- O cerco contra Fernando Collor apertou no dia 28 de junho, quando a revista IstoÉ publicou uma entrevista do motorista Eriberto França confirmando que a empresa Brasil-Jet, de Paulo César Farias, pagava as contas da Casa da Dinda, residência do presidente. A CPI descobriu, então, que a secretária particular do presidente, Ana Acioli, recebia depósitos de PC e de seus “fantasmas” (nomes fictícios de titulares de contas movimentadas pelo “esquema PC”). A prova material definitiva dos vínculos do presidente com o sistema de corrupção (um cheque utilizado na compra do Fiat Elba da primeir-dama, Rosane Collor) foi localizada por Jorge Bastos Moreno, repórter do jornal O Globo.
- No dia 24 de agosto, a Rede Globo transmitiu, ao vivo, a sessão de leitura do relatório final da CPI no Congresso Nacional. Foram lidas na íntegra as suas 200 páginas, redigidas pelo senador Amir Lando. Além de Paulo César Farias, foram apontados como os principais envolvidos Cláudio Vieira, Jorge Bandeira de Melo, Rosinete Melanias, Marta Vasconcelos, Ana Acioli, Najun Turner e José Roberto Nehring. Eles foram responsabilizados por crimes de corrupção, exploração de prestígio, falsificação, sonegação, formação de quadrilha, falso testemunho, entre outros. O relatório apontou as ligações de Fernando Collor com o esquema de corrupção. Estimava-se que um total de 6 milhões e 500 mil dólares haviam sido transferidos para os gastos pessoais do presidente.
- No dia da leitura do relatório, uma parte do Jornal Nacional foi apresentada, ao vivo, do estúdio da TV Globo em Brasília. Foi feito um histórico do caso desde as denúncias de Pedro Collor e apresentadas as principais conclusões da CPI. Em seguida, mostrou-se a repercussão do fato entre governadores e outros políticos. Paulo César Farias se disse inocente numa entrevista exclusiva concedida ao repórter Francisco José.
- Diante das descobertas da CPI, que evidenciavam o envolvimento de Collor com PC Farias, o impeachment do presidente tornou-se o tema central dos noticiários da Rede Globo. Antes mesmo da conclusão do relatório, o Jornal Nacional registrou as primeiras manifestações populares exigindo o afastamento do presidente . Em 16 de agosto, nas principais capitais do país, o povo se manifestou vestido de preto contra os atos de corrupção e pela ética na política. Era uma resposta a Collor, que havia convocado a população para sair às ruas de verde e amarelo, em seu apoio. Dias depois, jovens estudantes de todo o país, pintando o rosto de verde e amarelo, também ganharam as ruas em protesto. No dia 21, cerca de 100 mil “caras-pintadas”, como ficaram conhecidos, se reuniram numa passeata na avenida Rio Branco, no Centro do Rio.
- Marcelo Canellas fazia parte da equipe que cobriu a manifestação dos estudantes. A imagem de uma jovem pintando o rosto do repórter e, em seguida, a lente da câmera, tornou-se um ícone desse período e foi repetida em diversas ocasiões em que o episódio era recordado.
- No dia 1º de setembro, o Jornal Nacional registrou a solenidade de entrega do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. O texto era assinado pelo presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima Sobrinho, e pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Lavenère. Vinte e quatro dias depois, as deputadas Irma Passoni e Sandra Starling leriam, na Câmara, o parecer do relator Nelson Jobim pedindo a abertura de processo contra o presidente.
- Finalmente, em 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou o parecer. A Rede Globo transmitiu ao vivo toda a sessão, que durou pouco mais de duas horas. Dos 503 deputados, 480 estavam presentes. Eles foram chamados um a um, por ordem alfabética, para dar seu voto ao microfone. O momento mais emocionante foi quando o deputado Paulo Romano (PFL-MG) disse o “sim” decisivo. O pedido de impeachment foi aprovado com 441 votos, muito além das previsões da própria oposição, cujos cálculos apontavam 380 votos favoráveis.
- O Jornal Nacional daquele dia foi inteiramente dedicado à votação na Câmara. Cid Moreira e Sergio Chapelin abriram o telejornal, chamando a atenção para a importância do fato: “A história do Brasil mudou nesta terça-feira. Pela primeira vez, a Câmara dos Deputados autoriza o julgamento de um presidente da República.” Em seguida, Carlos Nascimento apresentou o telejornal, diretamente de Brasília, onde estavam os repórteres Alexandre Garcia, Renato Machado, Pedro Bial, Delis Ortiz e Heraldo Pereira.
- Assista na íntegra à edição do Jornal Nacional do dia 29 de setembro de 1992: JN, primeiro bloco; JN, segundo bloco; JN, terceiro bloco; JN, quarto bloco; JN, quinto bloco; JN, sexto bloco.
- No dia seguinte, Ibsen Pinheiro, presidente da Câmara dos Deputados, entregou pessoalmente o parecer contendo as denúncias contra Fernando Collor a Mauro Benevides, presidente do Senado Federal. Em menos de duas horas, o documento foi aprovado. À tarde, o pedido de impeachment já estava no plenário do Senado, que se tornou a partir de então o tribunal de julgamento do presidente por crime de responsabilidade.
- Fernando Collor, como determinava a lei, foi afastado do cargo compulsoriamente por 180 dias e substituído, em 2 de outubro, pelo vice-presidente Itamar Franco. O repórter Carlos Nascimento fez a narração, ao vivo, do seu afastamento e cobriu, junto com Renato Machado, a posse do novo presidente. - Em 29 de dezembro, ocorreu o último julgamento de Collor. Antes do final, diante da tendência dos senadores de afastá-lo definitivamente do cargo e suspender seus direitos políticos, ele resolveu renunciar. Mas o julgamento prosseguiu, e o presidente afastado foi condenado, por 76 votos a três, à inelegibilidade e à inabilitação por oito anos para o exercício de cargos públicos.
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Impeachment de Collor
- Três meses depois da posse do presidente Fernando Collor, em junho de 1990, surgiram as primeiras denúncias de corrupção no governo. Naquele momento, as acusações atingiram apenas o segundo escalão. Em outubro, porém, passaram a envolver pessoas próximas ao presidente e o nome de Paulo César Farias – ex-tesoureiro da campanha de Collor – apareceu, pela primeira vez, como intermediário de negócios entre o empresariado e o governo.
- A partir daí, os escândalos e as denúncias se sucederam e, a cada mês, novos nomes eram apontados. Mas foi somente no dia 24 de maio de 1992 que as denúncias atingiram diretamente o presidente da República. Numa entrevista à revista Veja, Pedro Collor acusou o irmão de manter uma sociedade com “PC Farias” (como ficou conhecido o ex-tesoureiro), que seria seu testa-de-ferro nos negócios.
- A sequência de acontecimentos teve amplo destaque na cobertura jornalística da TV Globo. Durante toda a semana seguinte, os principais telejornais da emissora dedicaram boa parte dos seus noticiários à crise política que se instalara no governo. As denúncias repercutiram rapidamente no Congresso Nacional. Na segunda-feira, dia 25 de maio, o assunto ocupou todo o primeiro bloco do Jornal Nacional, com mais de 9 minutos. No bloco seguinte, em matéria de três minutos, mostrou-se as repercussões do escândalo no Congresso e na economia.
- Enquanto o telespectador era informado de que a Polícia Federal instauraria inquérito para apurar as denúncias contra Collor, o presidente pedia a abertura de uma ação penal, com base na Lei de Imprensa, para responsabilizar o autor das denúncias por crime contra a honra. O procurador-geral da República, Aristides Junqueira, por sua vez, requereu a abertura de inquérito para a apuração de crimes contra a administração pública federal, atribuídos ao presidente Fernando Collor, à ex-ministra Zélia Cardoso de Melo, a PC Farias e ao piloto de avião Jorge Bandeira de Melo, acusado de intermediar a liberação de verbas no Ministério da Ação Social.
- Em resposta às acusações, Collor chegou a divulgar uma carta à nação, na qual se dizia profundamente chocado com as declarações “insensatas e falsas” do irmão Pedro Collor. O documento teve alguns de seus trechos divulgados no Jornal Nacional.
- Em 27 de maio, Pedro Collor, em companhia da mulher, Tereza, do seu advogado e de uma equipe médica, disse em entrevista coletiva que não poderia provar todas as acusações contra Fernando Collor e PC Farias que fizera à revista Veja, mas, mesmo assim, estava com a consciência tranqüila. Também tornou público o resultado dos exames de sanidade mental a que tinha se submetido. Segundo o laudo ele estava apto a realizar todos os atos de responsabilidade civil e não apresentava nenhum diagnóstico psiquiátrico.
- Naquele mesmo dia, por solicitação de parlamentares do PT, o Congresso instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias contra Paulo César Farias. A Rede Globo acompanhou passo a passo os trabalhos da CPI, desde a sua instalação até a leitura do relatório final, 85 dias depois. No dia 9 de junho, o repórter Álvaro Pereira assistiu às seis horas de depoimento de PC Farias no Congresso e apresentou no Jornal Nacional um resumo das suas declarações.
- O cerco contra Fernando Collor apertou no dia 28 de junho, quando a revista IstoÉ publicou uma entrevista do motorista Eriberto França confirmando que a empresa Brasil-Jet, de Paulo César Farias, pagava as contas da Casa da Dinda, residência do presidente. A CPI descobriu, então, que a secretária particular do presidente, Ana Acioli, recebia depósitos de PC e de seus “fantasmas” (nomes fictícios de titulares de contas movimentadas pelo “esquema PC”). A prova material definitiva dos vínculos do presidente com o sistema de corrupção (um cheque utilizado na compra do Fiat Elba da primeir-dama, Rosane Collor) foi localizada por Jorge Bastos Moreno, repórter do jornal O Globo.
- No dia 24 de agosto, a Rede Globo transmitiu, ao vivo, a sessão de leitura do relatório final da CPI no Congresso Nacional. Foram lidas na íntegra as suas 200 páginas, redigidas pelo senador Amir Lando. Além de Paulo César Farias, foram apontados como os principais envolvidos Cláudio Vieira, Jorge Bandeira de Melo, Rosinete Melanias, Marta Vasconcelos, Ana Acioli, Najun Turner e José Roberto Nehring. Eles foram responsabilizados por crimes de corrupção, exploração de prestígio, falsificação, sonegação, formação de quadrilha, falso testemunho, entre outros. O relatório apontou as ligações de Fernando Collor com o esquema de corrupção. Estimava-se que um total de 6 milhões e 500 mil dólares haviam sido transferidos para os gastos pessoais do presidente.
- No dia da leitura do relatório, uma parte do Jornal Nacional foi apresentada, ao vivo, do estúdio da TV Globo em Brasília. Foi feito um histórico do caso desde as denúncias de Pedro Collor e apresentadas as principais conclusões da CPI. Em seguida, mostrou-se a repercussão do fato entre governadores e outros políticos. Paulo César Farias se disse inocente numa entrevista exclusiva concedida ao repórter Francisco José.
- Diante das descobertas da CPI, que evidenciavam o envolvimento de Collor com PC Farias, o impeachment do presidente tornou-se o tema central dos noticiários da Rede Globo. Antes mesmo da conclusão do relatório, o Jornal Nacional registrou as primeiras manifestações populares exigindo o afastamento do presidente . Em 16 de agosto, nas principais capitais do país, o povo se manifestou vestido de preto contra os atos de corrupção e pela ética na política. Era uma resposta a Collor, que havia convocado a população para sair às ruas de verde e amarelo, em seu apoio. Dias depois, jovens estudantes de todo o país, pintando o rosto de verde e amarelo, também ganharam as ruas em protesto. No dia 21, cerca de 100 mil “caras-pintadas”, como ficaram conhecidos, se reuniram numa passeata na avenida Rio Branco, no Centro do Rio.
- Marcelo Canellas fazia parte da equipe que cobriu a manifestação dos estudantes. A imagem de uma jovem pintando o rosto do repórter e, em seguida, a lente da câmera, tornou-se um ícone desse período e foi repetida em diversas ocasiões em que o episódio era recordado.
- No dia 1º de setembro, o Jornal Nacional registrou a solenidade de entrega do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. O texto era assinado pelo presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima Sobrinho, e pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Lavenère. Vinte e quatro dias depois, as deputadas Irma Passoni e Sandra Starling leriam, na Câmara, o parecer do relator Nelson Jobim pedindo a abertura de processo contra o presidente.
- Finalmente, em 29 de setembro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou o parecer. A Rede Globo transmitiu ao vivo toda a sessão, que durou pouco mais de duas horas. Dos 503 deputados, 480 estavam presentes. Eles foram chamados um a um, por ordem alfabética, para dar seu voto ao microfone. O momento mais emocionante foi quando o deputado Paulo Romano (PFL-MG) disse o “sim” decisivo. O pedido de impeachment foi aprovado com 441 votos, muito além das previsões da própria oposição, cujos cálculos apontavam 380 votos favoráveis.
- O Jornal Nacional daquele dia foi inteiramente dedicado à votação na Câmara. Cid Moreira e Sergio Chapelin abriram o telejornal, chamando a atenção para a importância do fato: “A história do Brasil mudou nesta terça-feira. Pela primeira vez, a Câmara dos Deputados autoriza o julgamento de um presidente da República.” Em seguida, Carlos Nascimento apresentou o telejornal, diretamente de Brasília, onde estavam os repórteres Alexandre Garcia, Renato Machado, Pedro Bial, Delis Ortiz e Heraldo Pereira.
- Assista na íntegra à edição do Jornal Nacional do dia 29 de setembro de 1992: JN, primeiro bloco; JN, segundo bloco; JN, terceiro bloco; JN, quarto bloco; JN, quinto bloco; JN, sexto bloco.
- No dia seguinte, Ibsen Pinheiro, presidente da Câmara dos Deputados, entregou pessoalmente o parecer contendo as denúncias contra Fernando Collor a Mauro Benevides, presidente do Senado Federal. Em menos de duas horas, o documento foi aprovado. À tarde, o pedido de impeachment já estava no plenário do Senado, que se tornou a partir de então o tribunal de julgamento do presidente por crime de responsabilidade.
- Fernando Collor, como determinava a lei, foi afastado do cargo compulsoriamente por 180 dias e substituído, em 2 de outubro, pelo vice-presidente Itamar Franco. O repórter Carlos Nascimento fez a narração, ao vivo, do seu afastamento e cobriu, junto com Renato Machado, a posse do novo presidente. - Em 29 de dezembro, ocorreu o último julgamento de Collor. Antes do final, diante da tendência dos senadores de afastá-lo definitivamente do cargo e suspender seus direitos políticos, ele resolveu renunciar. Mas o julgamento prosseguiu, e o presidente afastado foi condenado, por 76 votos a três, à inelegibilidade e à inabilitação por oito anos para o exercício de cargos públicos.'
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ANA PAULA MARINS LEONES
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